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terça-feira, 15 de novembro de 2011

Entrevista exclusiva com Juan Pablo Santiago, o melhor flairbartender em atividade na América do Sul.

                     
Hoje estamos iniciando uma série especial de entrevistas com os melhores nomes do flair do mundo, e para começar trazemos uma exclusiva com Juan Pablo Santiago considerado o melhor flairbartender em atividade na América do Sul.
Estive na AUDEB (Associacion Uruguaya de Barman)  no mês de setembro onde filmei um pouco de sua rotina que acabou sendo vencedora no Desafio Urbano 2011 e por sua vez garantiu sua presença na etapa final do ROADHOUSE na semana que vem em Londres.
Hoje ele é um dos nomes confirmados no Shake Rio Open Flair 2011, e ainda por cima fará um workshop na Shake.
Conversamos sobre alguns assuntos como seu inicio, planos, competições, acompanhe a seguir a entrevista completa:
Walter Garin: Como foi seu início na vida de bartender?
J. P. S. : Comecei nessa área no ano 2004, bom na verdade fiz meu curso de bartender em 2003 em uma escola pequena chamada Caribean Bartender School que estava localizada perto da Associação Uruguaya de Barman. Iniciei com o curso de bartender, mas já queria fazer flair desde que tinha 10 anos quando vi o filme "Cocktail" e algum evento de flair quando chegou a TV a cabo no Uruguay. Meus treinos começaram aos 19 anos aproximadamente, quando conheci Danilo Oribe e foi aí que comecei a minha carreira como flairbartender no ano 2004.  Bom aí começou minha trajetória em competições, tive sorte de ganhar minha primeira competição com apenas 4 meses de treino, logo vieram mais algumas vitórias ou pelo menos boas colocações, e chegou o momento de representar meu país, fiquei em segundo lugar em 2005 e ganhei a oportunidade de representá-lo no Pan-americano em 2006 no Peru e de vencer este torneio tão importante e junto com isso começaram a surgir boas oportunidades como trabalhar no Hotel Conrad no único flairbar do Uruguay. Nas competições após esse começo no Conrad, obtive diversas colocações, muitas vezes não indo tão bem o que me fez pensar em desistir, pois o nível dos campeonatos era muito alto, muitas vezes competia com flairbartenders com mais de seis anos de experiência e eu com apenas um ano dentro do flair. Mas, ao invés de desistir comecei a me dedicar muito, até chegar a ter um nível competitivo, e me possibilitou sair do meu país, como por exemplo no primeiro mundial da IBA que participei em 2009 na Alemanha onde obtive o segundo lugar e no ano seguinte a minha vitória em Singapura em 2010.
Walter Garin: Qual a grande diferença entre o flair latino e o europeu? Te pergunto isso, pois vc agora vai participar da eliminatória de um campeonato onde se vê muito esse estilo.
J. P. S.:  Acho que mais do que nada são estilos diferentes, hoje em dia com a globalização do flair acho que são poucas as diferenças, acho que a grande diferença é do nível , acho que hoje na Europa existe um nível mais alto do que aqui na América do Sul, e isso graças a enorme quantidade de campeonatos que se realizam nesse continente, embora na minha opinião o flairbartender Sul-americano sempre foi o melhor, até mesmo pois o boom do flair se deve a participação desse flair latino, hoje a Europa tem mais nível, tem mais campeonatos, aqui para os flairbartenders é diferente, fica muito caro viajar para competir sem apoio, essa é nossa realidade e a grande diferença.
Walter Garin: Ao que se deve essa evolução do flair no Uruguay? E qual a importância de nomes como Oscar Perez, Alexis Casavalle, Pablo Fernandez, Danilo Oribe  e agora Juan Pablo Santiago, vistos hoje como  grandes ídolos de uma nova geração que surge?
J. P. S.: Eu acho que essa evolução foi uma coisa muito difícil de alcançar, pelos problemas que são comuns  em todos os países aqui da América Latina, como não nascemos no centro onde se desenvolvem as melhores competições, como é difícil chegar a tudo isso os flairbartenders se esforçam mais e buscam sempre superar as dificuldades, treinando muito e sempre procurando fazer cursos e evoluir, chegando nas competições depois de tanto esforço, pois temos que viver, estudar, trabalhar, pois são poucos que podem se dedicar exclusivamente ao treino, 100% do tempo, isso é o que ocorre com a maioria dos meninos aqui, e acredito que na Europa não seja tão diferente, e por isso nos esforçamos o dobro e colocamos muita vontade nisso, acho que desa forma o flair cresceu muito no Uruguay.
Walter Garin: Bom uma pergunta que ainda infelizmente tenho que fazer, o que vc acha sobre essa teoria que ainda alguns ainda acreditam que o flairbartender não sabe sobre coquetelaria ou mixologia?
J. P. S.:  Aqui no Uruguay também existia muito disso, hoje existe o campeonato uruguaio organizado pela AUDEB onde se valoriza muito o coquetel, acho que é importante estudar e aprender sobre coquetelaria mas acima de tudo competir em campeonatos onde exista a exigência que o bartender tenha que mostrar uma criação sua e que um juri degustador julgue seu sabor, aparência, etc.  O bom são as competições onde não se valoriza só o flair e sim se dá importância ao coquetel, o protagonista de todo nosso serviço é o coquetel, não adianta eu fazer um ótimo show e no final preparar um drink ruim, esse show não serviu pra nada.  Então pra mim o mais importante é o bartender completo, que sabe de flair, mas de mixologia, tem conhecimento técnico dos produtos que manipula, da sua história, pois são produtos que devem ser manipulados com responsabilidade, cuidando sempre do cliente servindo o melhor que puder.
Walter Garin:  Hoje se postam muitos videos seus, e podemos ver nos comentários que são pessoas de diversos países, no começo do flair no Rio Grande do Sul (1999) tínhamos um fita VHS do Latinbar.net para aprender, hoje com tanta mídia além de servir como ferramenta de informação, e que leva seu nome e de outros flairbartenders a cantos longínquos de mundo, O que você acha dessa divulgação em massa que a internet deu ao flair?
J. P. S.: Acho isso incrível, recebo emails e mensagens de pessoas para as quais servi ou sirvo de inspiração para treinar flair e isso me enche de orgulho, pois muitas vezes a gente nem imagina aonde pode chegar com o flair, quando comecei não passavam pela minha cabeça coisas desse tipo, e hoje ver que aos poucos queimando etapas para hoje viver uma realidade dessa, de chegar a ser ídolo de alguém, e isso me da muita força para continuar treinando e para estimular a galera que esta no começo treinando, eu e Sebastian Bisigniano temos esse papel aqui na AUDEB de incentivar essa nova geração para que treine, sabemos das dificuldades, tentamos incentivá-los como Oscar Perez, Danilo Oribe e outros fizeram.
Walter Garin:  Bom agora vamos falar sobre o futuro, sobre as competições, e planos para este ano que ainda não terminou e ano que vem, está chegando a hora do Desafio Urbano 2011 do Cristian Cordoba valendo vaga no Roadhouse, o que você pode nos contar sobre isso?
J. P. S.: Bom hoje estou focado em uma empresa de open bar e shows de flair aqui no Uruguay junto com Sebastian a INSTINCTIVE FLAIR, temos nosso website para quem estiver interessado: http://instinctiveflair.com/, organizar alguns campeonatos para continuar incentivando o flair uruguaio nas categorias amador e semi profissional, dando a eles diversos eventos, pois sem campeonatos não há crescimento no flair, ministrar cursos e se possível no ano que vem ir para o exterior para trabalhar.
Walter Garin:  Venho acompanhando esse trabalho que se faz no Uruguay a muitos anos, e gostaria de lhe perguntar como muitos países poderiam fazer para obter frutos e conseguir ter três campeões mundiais de flair?
J. P. S.: AQcho que o principal se é o que se gosta, o melhor conselho é treinar, o segredo do sucesso em qualquer esporte é o treinamento, até mesmo para trabalhar é necessário um bom treino, acho que não tem muito segredo.Incentivar aos mais jovens para que não tenham medo de competir sempre que possível, tem que vencer o medo, isso acontece direto comigo em muitas apresentações e torneios, muitas vezes as pessoas me dizem que consigo esconder esse medo mas no fundo eu sinto bastante, ansiedade, nervosismo muitas vezes pela cobrança encima de uma boa apresentação. Pro jovem que está iniciando eu aconselho ter metas e tentar da melhor formas cumprir com essas metas.
Walter Garin: O que você acha da implantação aqui na América do Sul de um circuito de flair, como acontece nos EUA e Europa?
J. P. S.: Acho uma ideia interessante, e melhor ainda seria pegar os primeiros colocados e dar a oportunidade deles competirem nos melhores eventos de flair, como está fazendo no Desafio Urbano 2011. Acho que o maior problema continua sendo a questão financeira, acho que o flair é um esporte caro, desde as ferramentas para poder treinar, todas importadas, gastos com alimentação pois são 4 ou 5 horas diárias de treino o que exige um suplemento. Mas como te falei eu acho que as despesas com viagens para competição fazem com que fique difícil realizar este projeto.
Walter Garin: E sobre sua apresentação no Desafio Urbano, como você está se preparando para essa importante competição?
J. P. S.:Acho que será um campeonato bem difícil, seja pelo regulamento semelhante ao Roadhouse, com round de classificação, drinks de difícil elaboração, e o nível dos competidores também vai igualar as chances, acho que qualquer um dos classificados tem chance de ganhar.


Alguns |Titulos:
Tri Campeão Uruguaio de Flair
Bi Campeão Panamericano de Flair
Vice Campeão Mundial 2009
Campeão Mundial IBA 2010
Shake & Flair Rio 2010
Dasafio Urbano 2011
Ganhou mais de quinze campeonatos em diversos países.

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